O Brasil encerrou outubro com um número que acendeu luz vermelha no mercado e colocou pressão direta sobre o governo federal: a dívida bruta subiu para 78,6% do PIB, alcançando R$ 9,9 trilhões, o maior patamar desde 2021. Os dados foram divulgados pelo Banco Central nesta sexta-feira (28) e reforçam os desafios para manter de pé o arcabouço fiscal — principal âncora econômica da gestão Lula.
Apesar de o setor público ter registrado superávit primário de R$ 32,4 bilhões em outubro, o resultado não foi suficiente para mudar a tendência de deterioração nas contas públicas. O saldo, inclusive, foi inferior ao de outubro de 2024 e representa o pior desempenho para o mês desde 2023.
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Superávit que alivia, mas não resolve
O superávit de outubro veio composto assim:
- Governo federal: + R$ 36,2 bilhões
- Estados e municípios: – R$ 3,6 bilhões
- Estatais: – R$ 150 milhões
Mesmo com números positivos no acumulado federal, o setor público consolidado ainda amarga déficit de R$ 46,9 bilhões no ano — o equivalente a 0,45% do PIB.
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Juros elevam rombo e pressionam confiança
Quando entram na conta os juros da dívida, o resultado é ainda mais sensível:
- Déficit nominal em outubro: R$ 81,5 bilhões
- Déficit nominal em 12 meses: R$ 1,02 trilhão (8,18% do PIB)
As despesas com juros somaram R$ 987,2 bilhões em um ano, influenciadas pela Selic e pelas operações do BC.
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Dívida avança no governo Lula
Em dois anos e meio, o endividamento brasileiro cresceu 6,9 pontos percentuais. Pelo critério usado pelo FMI, que inclui títulos em carteira no BC, a dívida já atinge 91,1% do PIB, nível semelhante ao de países da Zona do Euro e distante da média das economias emergentes.
⚠️ Arcabouço fiscal sob teste
Para evitar o descontrole da dívida, o governo aposta no arcabouço fiscal aprovado em 2023, que limita o crescimento das despesas. Entretanto, analistas afirmam que o modelo atual exige corte de gastos, algo considerado politicamente difícil.
Se nada mudar, projeções do mercado indicam:
- Dívida pode chegar a 93,5% do PIB em 2034 (conceito tradicional)
- E ultrapassar 100% do PIB no cálculo do FMI
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O recado do mercado é claro:
o país precisa frear despesas ou ampliar receitas de forma consistente — sob risco de perder credibilidade fiscal e ver os juros subirem ainda mais.




































