O governo de Minas Gerais anunciou, nesta sexta-feira (21 de julho), que vai destinar verba de R$ 10 milhões para início dos testes clínicos em humanos da Calixcoca, uma vacina terapêutica direcionada para atuar na dependência de cocaína e crack. O estudo é desenvolvido pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
O acordo foi firmado após reunião entre o secretário de Estado de Saúde, Fábio Baccheretti, e a reitora da UFMG, Sandra Regina. Segundo o secretário, o estado acredita que, caso se mostre de fato eficaz, o imunizante pode ajudar a reduzir o impacto do consumo de drogas em Minas.
“É um recurso do estado. As primeiras fases do estudo foram fomentadas pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG), e agora com os resultados promissores em camundongos, agora vem o ensaio clínico. A reitora nos pediu apoio e colocamos os primeiros R$ 10 milhões para que ela consiga fazer esses ensaios. Ela é muito promissora porque sua plataforma pode ser capaz de criar vacinas contra novas formas sintéticas”, explica.
Reitora da UFMG, Sandra Regina explica que a vacina é produzida com produtos químicos e que quer atuar contra a dependência da cocaína e do crack. Segundo ela, os estudos já mostram resultados expressivos. Agora, a pesquisa passa para a parte clínica, que deve durar em torno de dois anos.
“Temos reuniões com a Anvisa para ver quais são os procedimentos adotados. Teste clínicos são com as pessoas, e esse aporte inicial vai deixar com que a gente deixe esse salto. Os testes devem começar em breve, mas deve demorar de um a dois anos para termos esse resultado. Temos uma demanda social muito grande e acreditamos que vai mudar todo o tratamento da dependência do crack e cocaína”, afirmou.
Brasil é segundo maior consumidor de cocaína
Dados da Junta Internacional de Fiscalização de Entorpecentes (Fife), vinculada à Organização das Nações Unidas (ONU), revelam que o Brasil é o segundo maior consumidor mundial de cocaína. A droga, que se popularizou na década de 1990, quando os cartéis colombianos produziam e exportavam mais de 500 toneladas do produto por ano, é considerada um problema de saúde pública, uma vez que governos federal e estaduais procuram alternativas para tratar os dependentes da substância.