A Secretaria de Estado do Meio Ambiente (SEMA) confirmou a atividade de despejo irregular de agrotóxicos por meio de aviões na zona rural de Buriti, no Maranhão. Moradores de dois povoados afirmam que um dos aviões jogou o veneno por três dias seguidos em uma comunidade, o que teria provocado intoxicação em pelo menos nove pessoas.
Na comunidade, cerca de 100 pessoas vivem de agricultura familiar. Um menino de oito anos estava na porta de casa na hora quando um avião passou. Ele diz que sentiu gotículas caírem no corpo e, logo depois, as coceiras e as bolhas começaram a aparecer. Os moradores também relatam sintomas como vômito, diarreia e febre. Ninguém procurou hospital por medo da pandemia da Covid-19.
A Secretaria de Meio Ambiente já identificou o produtor de soja Gabriel Introvini, que contratou voos agrícolas no período investigado. Ele foi multado em R$ 273 mil por “atividade potencialmente poluente, pulverização na lavoura com uso de aeronave, sem licença da autoridade competente”.
Nesta quinta-feira (6), uma decisão da Justiça também proibiu o produtor de fazer novas aplicações aéreas de agrotóxico na região. Se a aplicação for terrestre, precisa ser feita com 1 km de distância das comunidades rurais. Ele também foi obrigado a pagar as despesas médicas da comunidade, por um mês. Gabriel nega que tenha aplicado agrotóxico na lavoura nos dias em que as comunidades foram atingidas, mas confirmou o uso de avião.
A Secretaria Estadual de Saúde enviou médicos infectologistas com apoio da Fiocruz às comunidades e técnicos do Ministério da Saúde estão no local para examinar os atingidos. A água da região foi coletada para análise. O Ministério Público também pediu à Polícia Civil a abertura de um inquérito para apurar se houve crime ambiental.
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